Sérgio Sant'anna referência

Cinco livros para conhecer a obra de Sérgio Sant'Anna, morto aos ...    Hoje morreu Sérgio Santana. Minha tristeza vem de uma conexão de leitor para com o escritor, no qual o escritor nunca ficou sabendo da minha existência nem da suia importância caminha vida. Assim é a vida de autores. Lançam sementes de vida pensando que estão apenas escrevendo uma história, iludidos que estão fazendo um trabalho para ganhar sua vida e nem percebem a vida oferecem para o leitor. 
    O autor me foi indicado pelo Prof. Sergius Gonzaga, sempre ele, mestre dos mestre a nos indicar caminhos com seu formalismo irreverente. A importância do Prof. Sergius Gonzaga sobre a cultura gaúcha nunca é suficientemente reconhecida, por mais que os seaj.
    O titulo do livro já era intrigante: Notas de Manfredo Rangel, repórter. Li no verão em Tramandai no apartamento da minha namorada de adolescência no Edifício Triângulo que frequenta na contra temporada, aproveitando a chuva, o frio e a maré violenta para exercitar a introspecção. Fora da temporada ventania no litoral  revelava o campo dos sonhos dos tempos vários pela democracia onde a liberdade mudaria as dunas de lugar.
    Tenho convicção que ali, naquele pequeno apartamento, senti dentro de mim o desejo, impulso para escrever e fazer arte, teatro, literatura e afins. Nas paginas de Sergio Santana e sem Manfredo Rangel, reportar, abriu-se um portal. Os contos eram de um diálogo tão impressionante com o que eu vivia e a a narrativa era algo que fascinava tanto pelo estilo quanto pelo conteúdo. Escrevo isso sem retornar aos textos, me ponho aqui ao sabor da memória sabendo que memória é sempre um quase ficção, um forma parcial de absorção das experiência. Toda lembrança é encobridora de algo que não temos como acessar.
    Assim, na reminiscência distorcida pelo tempo, lembro do conto do goleiro que deixa a bola passar, toma um frango e perde o jogo decisivo. Ele vai para casa e revê a cena TV, em câmara lenta o desenho do seu fracasso. Jogo decido e uma bola inesperada e imprevista se projeta. O trágico o momento em que a imagem é congelada e ele tem por um segundo a bola nas mão sob controle, para a seguir, a imagem volta a se mover, deixar passar por baixo do corpo caracterizando o fracasso. Aquele frame parado na tela fica remoendo o goleiro em seu instante trágico, aquela encruzilhada em que tudo poderia ser mudado, mas não foi. Uma aula de tragédia na poética mais pura da essência aristotélica. 
    Eu nada sabia sobre teatro ou Aristóteles ou sobre o sistema trágico. Apenas tentava construir um mundo interno enquanto descobria a força dos primeiros amores.
    Obrigado.

Comentários

Unknown disse…
excelente texto. parabens







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