SOBRE ARTE E DUENDES DA MORTE


Nas saída do cinema, já tomando um café, perguntei para minha filha se ela tinha gostado do filme FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE. Ela olhou para mim e respondeu:

- O filme ainda não terminou. Daqui há algumas horas ou dias eu vou poder responder esta pergunta.

Resposta sábia. Arte é assim. Gostar ou não não gostar não é a questão. No filme de Esmir Junior baseado no roteiro de Ismael Canepelle a experiência estética é que conta. Filmes, livros, músicas, quadros que tem uma permanencia inesperada. fazem sentido, seguem produzindo imagens. Arte coloca imagens em ação. Imaginação. Neste ponto o filme é genial. Produz imagens e estimula a imaginação. Momentos de pura poesia visual, emociona. A narrativa alusiva, faz a gente sentir coisas, buscar sentido, mas acima de tudo obriga a mergulhar no mundo dos personagens. Assim, personagens que nos sugam para dentro de si, fascinam, deixam a fábula num lugar secundário e escapam da explicatividade dramaturgica. Importa mais a ações implicitas. Importa o que se sente e não o que se faz ou acontece. As vezes o filme deixa a gente parado no ar, na eminência do abismo, enclausurados, entediados. Prestes ao curto circuito, a morte espreita e sopra no ouvido como o vento escondido no som ambiente. Porém é um filme de saídas. E antes que caia a chave geral da vida, existe um outro lado da ponte que não a morte. E para isso, precisa tempo.
Minha filha tinha razão. Um filme não termina depois da sessão.

Comentários

Catharina Conte disse…
precisamos de um tempo para absorver o filme que se forma no nosso subconciente.
Petite Olympia disse…
Assisti nesse feriado o filme no HSBC Belas-Artes e fiquei sem palavras, não saberia dizer o que mais me encantou: o trato delicado da fotografia, a singela interpretação dos jovens atores ou o uso bem pontuado do som, como há muito não via no cinema nacional. Na saída ouvi comentários do tipo:"ah, prefiro tapa na pantera..." e me considerei especial por ter entendido o que é para poucos.
:)
JULIO CONTE disse…
Petite,
o Tapa na Pantera foi visto como se não fosse um curtametragem e sim um depoimento tal o naturalismo da interpretação e a habilidade do roteiro. Além do mais, um sucesso tal sempre vai pesar na vida de um artista. O que importa é o uso que cada um faz do que experimenta. Se valeu, ótimo. Se não, a pessoa procura outra. Afinal ninguém é obrigado a gostar. Deve ter sim a opção de.
Um abraço
JULIO CONTE disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Milla Mara disse…
Sr. Júlio Conte,
Boa tarde.

Sou discente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Uberlândia (MG).

Encontrei seu blog (http://dispositivocenico.blogspot.com/2008_10_01_archive.html), no qual pude saber que você é tio do Arquiteto Gustavo Moojen.

Estou na fase final do curso, fazendo o Trabalho Final de Graduação, cujo o tema que escolhi é um Núcleo de Pesquisa do Cerrado.
Sendo assim, venho através deste, pedir-lhe, se possivel, algum contato do Arquiteto Gustavo, pois encontrei um material de autoria dele sobre o qual gostaria de obter maiores informacoes.

Desde ja agradeco a atencao.
Desculpe-me o incomodo

Atenciosamente,

Milla Mara C. Pereira

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