SOBRE O ACASO E A CAMINHADA HUMANA


Uma das coisas mais dificeis do homem lidar é o acaso. Isso ocorre a depeito do "macaco sem pelo" ter sido, ao que tudo indica, resultante de uma sequencia improvável de eventos cujo produto foi uma mutação com todas as características da inviabilidade. O homem não tem velocidade, não tem garras, não tem presas. Nasceu prematuro e teve que terminar seu desenvolvimento fora do corpo materno. Este processo faz com que a autonomia tão familiar ao mundo animal, no sujeito humano demore muito mais tempo. Por causa disso o inato, virtude maior dos habitantes que vivem neste generoso planeta perdeu lugar para o aprendizado pela experiência. Aprendizado visa suprir as carência da prematuridade e a falta dos resultantes do inato. A maturidade do inato se realiza num conjunto estanque de comportamentos e conhecimentos ao passo que o aprendizado feito pelo prematuro joga o sujeito num mundo em constante expansão e num processo que subverte e repetição estantartizada colocando o conhecimento e a ética no primeiro plano. Estamos frente a sistema aberto que se desenvolve no laço emocional com o outro, no caso, a mãe como extensão do corpo materno e mantém em constante crescimento em direção ao social, representado pela função paterna. Este laço profícuo ensejou o que o desenvolvimento humano é um mais além da repetição ofertada pelo inato. Porém, aceitar estas premissas tem o preço de renuncia a um sentimento de grandiosidade, de onipotência e de onisciência. Resistem hoje em dia traços deste pensamentos mágicos sob forma de ideologias, doutrinas políticas e idéias sobre Deuses. Todas elas possuem atributos que, em última análise, foram roubados de fantasias humanas mais primitivas. Material contrabandeado que se inserem nos pensamentos de forma insidiosa, muda e profunda.
Acaso nestes casos, não existe.

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