Crítica: A milímetros da loucura.
fonte: O Café (Gustavo Saul)
Sete funcionários de uma empresa de telemarketing expõem os seus sonhos, anseios e devaneios. Ao mesmo tempo que sofrem a pressão de uma exigência ferrenha, procuram, como forma de fugir da cruel realidade, encontrar um universo onde possam sonhar e dar vazão a todos os seus desejos suprimidos em um mercado de trabalho cinza e impessoal.
Com esse enredo, Júlio Conte construiu o espetáculo A Milímetros de Mercúrio. O título é uma analogia ao metal mercúrio, que em contato com o corpo humano, pode causar inúmeros sintomas, de gengivite até a morte. Analogia essa que seria transposta para o ambiente profissional dos sete personagens, que sofrem toda a pressão de um mundo objetivo que exige resultados imediatos e eficácia.
Totalmente elaborado a partir de improvisações e experiências pessoais, a peça atinge um nível de sensibilidade acima do esperado de atores que na sua grande maioria, são iniciantes. A trilha sonora, muito bem escolhida e pontuada, serve também como força motriz, propondo um diálogo com cada personagem e servindo muitas vezes como um contraponto. A iluminação de Gabriel Lagoas é sublime, propondo e acrescentando novos elementos ao espetáculo, com destaque para a cena final, onde os personagens, inundados de mercúrios, padecem até o suspiro final.
Mais um belíssimo acerto de Júlio Conte e a Cômica Cultural, que já lançou Pílula de Vatapá, Dançarei sob teu cadáver e Larissa não mora mais aqui, a última um enorme sucesso de crítica e público.
DIREÇÃO: Júlio Conte
ASSISTENTE DE DIREÇÃO: Catharina Cecato Conte
ILUMINAÇÃO: Gabriel Lagoas
ELENCO: Alessandro Peres, Gisela Sparremberger, Guega Peixoto, Fabrizio Gorziza, Duda Paiva, Vanessa Cassali e Jordan Martini
REALIZAÇÃO: Cômica Cultural
Crítica: A Milímetros de Mercúrio
fonte: Luis Carlos Pretto - Por aí...
Quarta-feira encerrei meu cíclo de espectador de trabalhos de conclusão dos colegas Diretores.
Gosto de assistir apresentação de formação de alunos-atores e assim também ter uma idéia das novidades que passam pela cabeça dos professores, concretizados pelos novatos (ou nem tanto assim) no palco.
Antes de assistir eu já ouvia muitos dizendo que se tratava de um Júlio Conte diferente, e de fato o é, se comparado aos últimos espetáculos dele, frutos de oficinas de teatro.
Impressionante como ele leva a sério (e os atores também) seus espetáculos de conclusão, praticamente todos ganham sobrevida e a devida qualidade artística.
Tudo alí é bem feitinho, com atores á vontade e dando conta do recado, bem assessorados pela trilha, luz, cenografia.
Coincidentemente (ou não) estive na mesma pré-estréia que ele, do filme A ORÍGEM que explorava o submundo dos sonhos e seus níveis.
Um bem vindo novo trabalho e novo mundo explorado por Júlio, pelos atores e por Catharina Conte, assistente de direção e filha, que além de teatreira ainda está aparecendo por aí como cineasta.
Por ùltimo, feliz por ver em cena a amiga Vanessa Cassali, uma jovem artista com uma força, iniciativa e perseverança que me fizeram apostar nela na primeira vez que a vi, e a convidei para protagonizar a minha peça A AMANTE DA MINHA ESPOSA em 2008.
Talvez o público acostumado com o teatro de Julio Conte, tendo como referência as anteriores estranhe um pouco, mas isso é ótimo!!!
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