MPG 30 ANOS

ONTEM, o Teatro da Reitoria lotado. A platéia beirando os quarenta e cinquenta anos, mas também percebi uma nova geração. Pessoas que como eu buscaram suas identidades em artistas locais, e há tantos anos segue na luta. Pessoas que fizeram a história cultural deste estado. Alguns com reconhecimento nacional, outro nem tanto, mas todos juntos nesta busca que se iniciou no final dos anos 70 quando uma geração crescido a sombra da ditadura, resolveu botar a boca no trombone e dizer a que veio ao mundo. Artistas de estirpe e raça que trilharam a arte em busca de um sentido para suas existências e criaram o nosso cenário cultural. Resilientes frente ao obscuridade geral da província de São Pedro. Os cabelos branquearam, alguns caíram,  esquecimento cruel, outsider do mercadão modelo Rede Globo, mas que não, nunca, nem quando o mundo caia sobre si, deixaram a peteca ir ao chão. Sábios, perceberam que a cultura é feita de silêncio e introspecção. E a partir deste isolamento essencial de todo artista a obra pode emergir. As musica, as peças, as coreografias. Arte é um processo coletivo que emana da subjetividade. Fui ao show pensando em rever o passado. E revi. Foi emocionante assistir a vibração de Hermes Aquino, personagem icônico daqueles dias. Ele era e é genial.  Queiram ou não queiram os juízes o nosso bloco é campeão. Outro, Raul Elwanger aplaudido de pé chorou. Eu chorei e a plateia toda chorou. Poderia falar de tantos, Peri Souza, Pedrinho Figueiredo, Fernando do Ó e outros, pertencentes a uma lista imensa, mas inevitável, esqueceria alguém. Desculpe-me. Estávamos nos reencontrando como se nunca tivéssemos nos separados Trinta anos não é nada.  Destaco esses dois como representantes de toda a geração que se criou sob a batuta louca do Patinete, o produtor mais porra louca do mundo. Este homem chamado Patinete merece receber um biografia, e com certeza seria a mais caótica e mais alucinógena de todos os tempos.   Ele bolou este evento há trinta anos, Rio de Janeiro, teatro João Caetano, e repetiu ontem. Porém, o mais legal não foi só  rever os velhos amigos vivos e reverencias o velhos amigos mortos. Foi ver que a música não morreu. Vivos e mortos em ação no palco. E juntos, na mão, a nova geração chegando que é mais do que boa. Chico Saratti, Cidade Baixa, Marcelo Delacroix, Adriana Defentti e Fruet e os Cozinheiros deram um show de vitalidade e boa música.
A apresentação de Roger Lerina e Juarez Fonseca deram clima geracional do jornalismo cultural da cidade. Do mesmo modo que a carinhosa participação de filha de Nando Gross que entrou no palco para pegar o chapéu do pai e Zé Caradípia cantando com sua filha Elisa. Marca dos tempos, os filhos tomando a cena.
Sinal que os trinta anos não foram em vão.

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