O PESO QUE SE CARREGA 

       (poema sobre as coisas que carregamos na mochila)


Não carrego teorias que não uso mais

Muito já fiz, triunfos efêmeros 

Superioridade mórbida, não vale a pena

Academia de vaidades, instituições de veleidades 


Não li os livros que queria

Mas o que li estão dentro de mim


Não tenho muito, mas tudo que tenho eu uso

Tudo que tenho,  faz sentido, os  carrego para isso


Esvaziei da minha mochila peso das coisas 

Ressentimentos, mágoas e desesperos

Cortes sem sangue, ferida sem cura


Cicatrizes inevitáveis as carrego e o resto deixo na beira da estrada


Enterro meus mortos, as chaves das minhas casas

Jogados ao relento meus cadeados descansam abertos


O mundo não é para ficar, tão passageiro quanto eu

A estrada me conduz no encontro do movimento 


Deixei espaços reservado para os amores

Mulheres que amo, amei e amarei

Os filhos, os amigos, e tudo aquilo que vale o momento

Levo junto





Despedidas necessárias, luz inventa a sombra

E a sombra reflete o peso


O que tenho para viver, vivo

Uso o que preciso, o pleno, nem mais nem menos

O tudo que carrego será sempre e somente o que sou

Sujeito de mim mesmo 


A inutilidade da vida agora e sempre um passo mais leve

Para quando eu for, possa ir sem nada


novembro 2021

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