A crítica teatral quem diria acabou num blog


Cada vez que me defronto com uma postagem para comentar uma peça que assisti me pergunto: para que?
E a resposta invariável é que sofremos com a falta de um crítico e este espaço de discussão perdido é essencial para a prática teatral. A possibilidade de pensar em conjunto é um atrativo fundamental. Falar sobre o que se faz e sobre os que os colegas de teatro fazem constitui a essencia do teatro. Um espaço democrático e livre para discorrer sobre o fazer teatral, sobre o futuro da arte dramática e sobre a história do teatro.
Quando afirmo que não temos uma crítica e paradiaondo o popular título de uma peça: Greta Garbo Quem Diria Acabou no Irajá, não quero menosprezar os comentários de Renato Mendonça no jornal Zero Hora nem o de Luiz Paulo Vasconcelos na Revista Aplauso e mesmo ainda o de Antonio Holfeldt no Jornal do Comércio. Este último se mantém como com um crítico criterioso e preocupado com os destinos do teatro local. Seu espaço é restrito pelo próprio jornal onde tem seu texto veiculado. Ao Renato Mendonça, por sua vez, falta a paixão pelo teatro. Até mesmo para o leitor mais distraido, é perceptível que sua paixão é a música. Com bravura, Renato faz o trabalho obrigado. Mais parece que não tendo outro para fazer, então assume a tarefa. Luiz Paulo Vasconcelos por outro lado, tem conhecimento e paixão para o fazer uma boa crítica. Sua passagem nas páginas da Zero Hora, porém demonstraram os mesmos problemas que tem hoje quando tece suas crítica na Revista Aplauso. Ele é amigo dos amigos. Suas críticas e comentários sofrem as vissicitudes destas amizades e a parcialidade se impõe a reflexão. Falta ao movimento teatral um texto mais sincero, com a sabedoria e a delicadeza do Claudio Heemann. Para chegar a esta conclusão, basta ler os comentários que teceu ao longo de doze anos nas páginas de cultura do jornal Zero Hora. Suas críticas publicas em livro Doze Anos Na Primeira Fila, pela Editora Alcance, mostra um crítico preciso e justo. Lendo, temos uma noção do que foi a peça. As observaçãoe visam o crescimento do artista e suas previsões, em sua maioria, se realizaram. Ele era firme e cirurgico, generoso e apaixonado. Não falava em nome próprio, mas em nome do teatro. Contemporâneo de Claudio, tinhamos o Décio Presser na Folha da Tarde, o Aldo Obino como seu estilo rebuscado e Antonio Holfeldt ainda no Correio do Povo. Eram quatro crítico dedicados a comentar o movimento teatral que na época era um tanto insipiente. Hoje quando o movimento é muito mais intenso, quando o teatro gaúcho leva susas produções para o Brasil, importa a todo momentos atores para o cinema, para a televisão, temos um hiato do pensamento crítico. Perdemos a imparcialidade de pensar. Estes fatores e outros e, em especial a facilitações da comunicação virtual, faz com que cada vez mais surjam nos blogs um movimento de recuparação do processo de discussão do teatro. Por isso, cada vez mais, se vê artistas buscando reflexões nos blogs na esperança de um diálogo fértil.

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