Quem é a Maysa?

Amigos, estivive ausente, eu sei senti muita falta deste espaço. Mas muitas mudanças na minha vida impediram que eu mantivesse a regularidade nos comentários. Mas agora - espero - estou de volta. E o assunto é a mini-série Maysa na TV Globo.

A Folha de São Paulo de domingo 4 de janeiro, traz estampada a foto da atriz gaucha Larissa Maciel numa interpretação fantastica da cantora Maysa. As fotos impressionam pela semelhança, mas mais do que tudo pela apreensão do clima emocional que Larissa captou da cantora. O Globo também destaca a atriz gaucha. Não vi todos os jornais, mas os que li, todos, eu disse todos, falam da atriz Larissa Maciel. Isso sem contar com blogs, flogs, e sites que abordam o assunto. Na verdade, o Brasil inteiro coloca seus olhos na atriz que reviverá Maysa.


Menos os jornais gaúchos.


Na Zero Hora tem uma reportagem de capa abordando a vida musical da Maysa. Nada fala da Larissa Maciel. Por certo, a pressão popular vai criar uma nova situação. Logo vão perguntar: ah, aquela atriz não é gaúcha? Alguns mais curiosos vao procurar no google. Outros perguntarão de onde vem, onde estudou, que peças fez.
By the way, seu último trabalho em Porto Alegre foi HOTEL ROSA-FLOR, de Patsy Cecato. Veja foto abaixo: Larissa Maciel com Margarida Leoni Peixoto.




O que me impressiona é a imprensa cultural consegue perder uma oportunidade destas para falar do teatro gaúcho. Celebrar que uma atriz formada nos palcos de Porto Alegre deu um salto deste tamanho. Perde-se a oportunidade de falar do teatro gaucho como um centro de produção, como uma fonte de talentos, perde-se a oportunidade de comentar a qualidade das produções e do desenvolvimento profissional que possibilitou o surgimento de uma atriz como Larissa Maciel. Uma atriz que não por acaso sai de Porto Alegre para estrelar a mini-série xodó da Globo.

Precisamos muito tempo para enteder algumas coisas e confesso que ainda não sei o que significa este tipo de atitude. Se um medo de ser piegas, receio de dar uma de bairrista e de gauchinho como as manifestaçõs dos gauchos contra o filme do Tabajara Ruas por exemplo, ou simplesmente má fé. Por que noticia é. Vide todos os jornais e sites do Brasil desta segunda feira.
Então resta pensar que o jornalismo cultural está aquém do movimento artistico, está noutro tom e deste modo, estamos sendo vitimas e vitimando a opinião publica suprimindo informações que poderia colocar todo o movimento teatral noutro patamar.

Comentários

Nei Duclós disse…
Julio, fiquei sabendo que a atriz é gaúcha aqui no teu blog. Normalmente implico com os anacronismos globais, como o lugar comum "uma pessoa à frente do seu tempo". Mas isso não vem ao caso. O importante é o que destacaste: por trás de um grande talento, alguém que explode de uma hora para outra, existe um árduo trabalho por trás, de equipes inteiras, por longos períodos. Gostam de dizer, por exemplo, que Pelé é um ET, veio de outro planeta, e esquecem que Pelé é o resultado de políticas públicas para o esporte e a educação - que tinham um ministério único, como bem lembramos. No caso do teatro do Rio Grande do Sul, quantas décadas não foram consumidas em trabalhos memoráveis, com grandes repercussões em outras artes, como o cinema e as novelas e mini-séries? No caso citado de Tabajara Ruas, que junto com Beto Souza criou uma nova iconografia para o Rio Grande do Sul, no que foi totalmente copiado pela Globo, o exemplo é notório. Não sei porque moitam. Não entendo a fonte da Síndrome da Moita. É um fenômenos anti-cultural que soterra talentos e frustra destinos. Excelente post, meu amigo.
Anônimo disse…
O problema maior é que vocês também são colonizados, só vêem o mundo pela ótica furada de Zero Hora. No Jornal do Comércio, Maysa foi capa, com ênfase para Larissa, e a peça Hotel Rosa Flor foi citada no contexto.

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