Sindrome da Moita e a Contracapa


Pois recebi um comentário fantástico do Nei Duclós, grande poeta que embalou meus sonhos desde os primeiros anos de faculdade e esquina maldita. Sua poesia era lida em conspirações nos bares, depois de porres homéricos em nome de nossos sonhos de um mundo melhor e mais justo e que não abri mão até hoje. Neste contexto surgiu Outubro do Nei. A poesia que abriu a minha alma. Outubro ou nada. Acho que li o livro alguns meses depois de assistir Encouraçado Pothenkin e um trailer do Outubro num curso de cinema na Assembléia Legislativa. Era inverno, chovia muito e o calorzinho do cinema onde o Professor Cavalhares da USP (será?) mostrava e comentava filmes revelando a maravilhosa história do cinema. Foi nesta esquina (bem-dita) da minha mente que se encontraram um cara daqui de Porto Alegre, o poeta Nei, com o cineasta Eisestein. Desse casamento em dia de chuva uma luz se fez e acho que ali eu nasci de algum modo. Nasci para a sensibilidade, para a sutileza das palavras, para a arte. Imagem, palavra e poesia fizeram sentido que nunca mais me esqueci disso.

Por isso, quando Nei faz um post falando da Sindrome da Moita e fala do Tabajara Ruas, e o furacão extra-tropical da critica cinematográfica que se condensou sobre o Netto e o Domador de Cavalos, fez-se uma ponte com a Larissa Maciel e meu comentário anterior.

Acho que esta definição do Nei precisa de um debate mais amplo. Por que a produção gaúcha incomoda tanto os gaúchos. E vamos parar com esta explicação ingenua do caranguejo gaúcho que é a versão mais reacionária de todas. Porque não dá para pensar num atavismo cultural desta ordem. Grande parte dos artistas gaúchos superaram a paranóia de que só se fala bem dos inimigo. Meus inimigos não estão no poder, pelo simples fato de que o poder está em mim. O poder está rm cada um de nós, os artista, e não nos burocratas. E vamos combinara que temos visto muitos trabalhos nos palcos gaúchos, tão legais, gostosos de de ver, e é tão bom assistir coisas que colegas de arte fazem.

Não quero fazer tese, mas penso que a Sindrome da Moita é a dificuldade de parte da crônica cultural em aceitar a alteridade. Um ideia é que haja um receio de dar muito ibope ao outro como se isso depreciasse o seu trabalho. Ou seja, sonegando informações ou distorcendo o poder permanece do jornalista.

Para fazer justiça, verifico que hoje o Roger Lerina na Contracapa faz um cometário sobre a Larissa Maciel.


Como escreveu Guimarães Rosa: o amor é um pouco de saúde, um descanso na loucura.

Comentários

Nei Duclós disse…
Julio: rompemos o cerco da Síndrome da Moita quando dizemos tudo com todas as letras, como fazes neste texto que me derruba, pelo tanto que emociona e revela. É quando entramos pela janela, pelos fundos, pela contracapa. É quando viramos o jogo, cruzando caminhos, inspirados pelo Outubro do cinema, da poesia, da memória.
Eduardo Gasperin disse…
Ola Júlio
Não vim aqui para comentar, mas para pedir um contato com vc, pois queria muito negociar a uma de suas obras para o teatro, quero comprar os direitos autorais da sua peça se meu ponto g falasse.
preciso urgente do seu email. Por isso estou enviando o meu email pra que você urgentemente entre em contato para negociarmos.
luizeduardogaspar@hotmail.com
desde já agredeço a colaboração
Artistas gaúchos são como caranguejos?

É o que mais se escuta no centor do país.
Não quero abrir debate sobre isso aqui. Mas sabemos que isso BEM acontece.
Não sempre, não com todos, mas acontece.

Julio, entrei pelo primeira vez no seu Blog, gostei muito.
Divulguarei no meu blog as peças da CIA sempre que der.

Beijos

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