Mario Bortolotto foi alvejado com três tiros. Ele já escreveu mais de 40 peças. Uma produção invejável e admirável. Ano passado nos encontramos no bar Ocidente e conversamos na Lacheria do Parque. Impossivel não ser afetado por sua personalidade. Forte, decidido, intenso, niilista e sem autopiedade. Desfecha ironias em todas as direções. Ele é a alma beat dos anos 2000. Pouco tempo depois nos encontramos num debate sobre dramaturgia brasileira em Teresina no FestLuso 2008. Sua fala mostra a vitalidade de um teatro que resiste e o uso que ele faz da sua escrita é uma forma de amenizar o desconforto de uma vida sem sentido. Bortolotto é um homem do seu tempo em conflito constante com o establisment e muitas vezes contra si mesmo. Não tem meia medida. Talvez por isso, ao se defrontar com assaltantes armados que invadiram o Espaço Parlapatões na Roosevelt em São Paulo, reduto de sonhos e projetos, ele tenha reagido. Três balas no dramaturgo, mas ele, como o teatro que existe dentro dele, e de todos nós, resiste.

A mesmo sem acreditar em Deus, eu rezo por ele.

Comentários

Rodrigo Monteiro disse…
E eu contigo, mas acreditando...
Ana Peluso disse…
Cheguei aqui via twitter. Também estou rezando/ vibrando por ele. Que grande merda, isso.
Mas ele é forte. Vai sair dessa.

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