NOVA CENA
Quando LARISSA NÃO MORA MAIS AQUI lota seis noites no Teatro Hebraica, com um grupo novo, texto novo, atores novos, eu começo a pensar que talvez algo novo está acontecendo no Teatro Gaúcho.
Aprendi há muito tempo que para o teatro existir tem que haver um ator e um espectador. No mínimo. O teatro se realiza quando o espetáculo encontra seu interlocutor e o público pode pensar junto com a peça teatral e os afetos, os pensamentos e as emoções possam ser material de evolução na mente individual e no imaginário social Não acredito de forma alguma em teatro sem público e tão pouco acredito em público sem espetáculo.
Teatro é encontro de idéias e pessoas.
Anos 80 eu vivi uma virada na cena teatral. No hiato entre o teatro político representado pelo Teatro de Arena e pela paixão estética defendida por remanescente do Grupo Província, uma nova geração tomou de assalto o teatro local. Abençoados pela magia do grupo Asdrubal Trouxe o Trombone e pela emergência da Criação Coletiva vários grupos se formaram para colocar no palco suas questões essenciais. Daí surge e efervescência dos anos 80, com as peças do Balaio de Gatos, do Faltou o João e do grupo Do Jeito Que Dá. Bailei na Curva, Schooll’s Out, Das Duas Uma, Trena Flor, Não Pensa Muito Que Dói e outras marcaram uma nova cena gaúcha. Era o sotaque, os gestos, os costumes e as inquietações da juventude dos 80.
Este movimento que não chegou a se caracterizar com tal, embora com o passar dos anos se possa vê-lo com clareza. A geração 80 veio com alegria, com o corpo e com a mente disposto a lavar a alma do amordaçada pela censura e pelo golpe militar, mas também alvejava o academicismo oriundo do DAD.
Enquanto o palco se enchia de propostas que com humor e delicadeza enfrentava a ditadura, e com sexualidade rompia os costumes de um mundo pré-AIDS, nas autarquias administrativas os professores universitários, com contratos vigentes, buscavam se aproximação com o teatro, e passaram a exercer cargos diretivos dos rumos da arte cênica. Professores e artista com reconhecida competência, porém imprimiram um tom acadêmico a vida cultura teatral da cidade. Não que o academicismo não tenha que ter seu espaço, mas ele não é a palco e sim um alimento para a elaboração estética do artista. O palco pode contar o academicismo, mas o academicismo não pode ser o palco. E este processo culmina nos anos 2000 quando a cena gaúcha é tomada pelo academicismo disfarçado de vanguarda influenciada pelas visitas brilhantes dos grandes diretores trazidos pelo Porto Alegre em Cena e por artistas gaúchos que buscaram formação européia.
Academicismo e Novas Tendâncias Européias era tudo que a geração 80 odiava.
E agora, de volta do passado, sinto que uma nova cena surge e se impõe e se opõe. O Sobrado é uma ruptura já aceita por todos e não é um fato isolado. E guarda uma relação com Não Pensa Muito Que Dói. Casamento de Minha Mãe de Eduardo Mendonça, Fragile do Roberto Oliveira poderiam muito bem entrar nesta lista. De forma que acredito num novo ciclo criativo. O sonho da geração 80 começa a se proliferar através de uma tênue linguagem em comum que liga as décadas.
Temos um público novo e temos uma nova geração em cena. Destaco também o projeto de pesquisa da Cômica Cultural que colocou no palco três espetáculos em três anos discutindo a degradação da cidade a partir das relações familiares (Pílula de Vatapá); o homem urbano e as drogas (Dançarei Sobre Teu Cadáver) e a preservação histórica da cidade (Larissa Não Mora Mais Aqui). Essas peças formam um conjunto de temas contundentes e oferecem um belo espaço para diálogo com a comunidaded. Talvez por isso os teatros começam a voltar a ter público de verdade. E se cada espectador que for captado pelo espetáculo levar um novo espectador então o teatro está salvo.
Aprendi há muito tempo que para o teatro existir tem que haver um ator e um espectador. No mínimo. O teatro se realiza quando o espetáculo encontra seu interlocutor e o público pode pensar junto com a peça teatral e os afetos, os pensamentos e as emoções possam ser material de evolução na mente individual e no imaginário social Não acredito de forma alguma em teatro sem público e tão pouco acredito em público sem espetáculo.
Teatro é encontro de idéias e pessoas.
Anos 80 eu vivi uma virada na cena teatral. No hiato entre o teatro político representado pelo Teatro de Arena e pela paixão estética defendida por remanescente do Grupo Província, uma nova geração tomou de assalto o teatro local. Abençoados pela magia do grupo Asdrubal Trouxe o Trombone e pela emergência da Criação Coletiva vários grupos se formaram para colocar no palco suas questões essenciais. Daí surge e efervescência dos anos 80, com as peças do Balaio de Gatos, do Faltou o João e do grupo Do Jeito Que Dá. Bailei na Curva, Schooll’s Out, Das Duas Uma, Trena Flor, Não Pensa Muito Que Dói e outras marcaram uma nova cena gaúcha. Era o sotaque, os gestos, os costumes e as inquietações da juventude dos 80.
Este movimento que não chegou a se caracterizar com tal, embora com o passar dos anos se possa vê-lo com clareza. A geração 80 veio com alegria, com o corpo e com a mente disposto a lavar a alma do amordaçada pela censura e pelo golpe militar, mas também alvejava o academicismo oriundo do DAD.
Enquanto o palco se enchia de propostas que com humor e delicadeza enfrentava a ditadura, e com sexualidade rompia os costumes de um mundo pré-AIDS, nas autarquias administrativas os professores universitários, com contratos vigentes, buscavam se aproximação com o teatro, e passaram a exercer cargos diretivos dos rumos da arte cênica. Professores e artista com reconhecida competência, porém imprimiram um tom acadêmico a vida cultura teatral da cidade. Não que o academicismo não tenha que ter seu espaço, mas ele não é a palco e sim um alimento para a elaboração estética do artista. O palco pode contar o academicismo, mas o academicismo não pode ser o palco. E este processo culmina nos anos 2000 quando a cena gaúcha é tomada pelo academicismo disfarçado de vanguarda influenciada pelas visitas brilhantes dos grandes diretores trazidos pelo Porto Alegre em Cena e por artistas gaúchos que buscaram formação européia.
Academicismo e Novas Tendâncias Européias era tudo que a geração 80 odiava.
E agora, de volta do passado, sinto que uma nova cena surge e se impõe e se opõe. O Sobrado é uma ruptura já aceita por todos e não é um fato isolado. E guarda uma relação com Não Pensa Muito Que Dói. Casamento de Minha Mãe de Eduardo Mendonça, Fragile do Roberto Oliveira poderiam muito bem entrar nesta lista. De forma que acredito num novo ciclo criativo. O sonho da geração 80 começa a se proliferar através de uma tênue linguagem em comum que liga as décadas.
Temos um público novo e temos uma nova geração em cena. Destaco também o projeto de pesquisa da Cômica Cultural que colocou no palco três espetáculos em três anos discutindo a degradação da cidade a partir das relações familiares (Pílula de Vatapá); o homem urbano e as drogas (Dançarei Sobre Teu Cadáver) e a preservação histórica da cidade (Larissa Não Mora Mais Aqui). Essas peças formam um conjunto de temas contundentes e oferecem um belo espaço para diálogo com a comunidaded. Talvez por isso os teatros começam a voltar a ter público de verdade. E se cada espectador que for captado pelo espetáculo levar um novo espectador então o teatro está salvo.
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Valeuuu