ENCONTRO COMIGO MESMO
O Encontro com o Professor foi uma espécie de encontro comigo mesmo. Não porque ignorasse a presença precisa e pontual do professor, nem a audiência interessada e carinhosa, nem os amigos que lá estiveram, nem todos os afetos ali presentes. Pelo contrário, as presenças de pessoas tão queridas, ajudaram a estabelecer este diálogo. Falar de si para alguém é um exercício de auto conhecimento. Falei coisas de mim que não imaginava falar em público, mas é que o público era tão familiar que parecia que estava em casa. Ou numa sala de ensaio, ou mesmo num divã. E o relato dos movimentos e o caminho percorrido criam a surpresa. A gente faz mil coisas nba vida, mas quando tenta juntas numa conversa, as palavras mesmo tão escorregadias, desenham uma vida que nos ultrapassa, que subverte o tempo. O relato cria uma figura em transito, alguém que é eu, mas não é mais, um que foi mas ainda é, aquele que será, outro que nunca se apresentou como tal. Esses multiplos eus desefilaram frente a um platéia generosa e, contando com a sábia condução de Ruy Carlos Osterman, pude encarrar. Sem tormento,mas tendo o bastão do trágico a me conduzir. A história é aquela coisa que muda cada vez que a gente conta, não porque se aumente um ponto, mas porque a cada relato, algo novo se revela. Só tem que saber escutar.
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