QUANDO O PLÁGIO É MELHOR DO QUE O ORIGINAL




Estava lendo o 1822 de Lauretino Gomes que já havia sido brilhante no 1808. São textos divertidos, suaves e cheios de conteúdo. A história do Brasil é fantástica em todos os sentidos. O que me chamou atenção desta vez foi o famoso quadro de Pedro Américo que registou o grito do Ipiranga. Sabe-se que a versão brasileira é uma cópia do quadro de Jean-Louis Ernest Meissonir. O que achei interessante é que o plágio é muitas vezes superior ao oroginal. Em Napoleão em Freidland temos uma elevada menor onde se encontra Napolão. É estático,há menos niveís narrativos, as forças perfilam ao fundo, em forma e em ordem, os cavaleiros celebram e Napoleão está centralizando as forças dramáricas, mas tudo é estático. Carece de movimento a não ser pelos cavaleiros em primeiro plano que apresentam um trotar suave. Já no plágio temos uma dinamica mais atraente. Primeiro que há movimento, contorção e oposição que caracteriza os grande movimentos e o contraditório. Os dragões se retraem e se expandem, vibram as espadas e o corpo. Um carro de bois nao canto da cena é pleno de força e o homem está em torsão, surpreendido, intenso produz o cometário social. Chama atenção um curioso, meio gordo, quase um Sancho Pança que observa a cena do alto a esquerda. Parece não dimensionar o evento. E no centro, estabilisado tal qual Napoleão temos Dom Pedro I, em seu cavalo, harmônico, equilibrado e estável.
Não importa que não foi assim. Não importa se Dom Pedro estava montado numa mula nada glamurosa e estivesse com uma indisposição estomacal. O que importa é o narrador contando uma história. A vida é interpretação dos fatos que seriam inacessíves de outro modo. Isso é arte. Cada vez mais os heróis dependem dos poetas.

Sabe-se que Shakesapeare adorava pegar temas existentes, até mesmo peças e as fazia melhor. Muitos autores surupiram idéias mediocres e as transformaram em obras primas. Isso obriga a uma revisão sobre o poder da originalidade. O que choca é que talvez a originalidade não estava na novidade, mas sim no novo.

Comentários

moisés chaves disse…
Brilhante como Laurentino faz história da história, tornando acessivel o conhecimento sem cair na mesmice, de uma forma que parece que vemos a história passar literalmente passar diante de nossos olhos...

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