O TEMPO QUE DURA O APLAUSO


Fui no velório do Frei Rovílio Costa. Minha admiração pelo pensador, escritor e religioso foi grande e alimentada por uma amizade familiar. Ele era muito amigo de meu pai, Bernardino e da minha mãe, Virginia. Amizades de longa data e cheia de questionamentos e reflexões divertidas e instigantes.

Durante a missa de corpo presente, depois do sermão que reverenciava o Frei a igreja toda respondeu com um aplauso. Palmas consistentes e reverenciais. Um tempo de aplausos que se estendia, como a vida de Rovilio, alargando o tempo e as ações. Expandindo a alma. Até o silêncio.
Lembrei de uma apresentação de uma peça minha em Buenos Aires quando o público aplaudiu mais de dez minutos. Foi neste momento, na reclusão da igreja, que percebi isso, que a vida dura o tempo de um aplauso. O tempo de um reconhecimento. O tempo da reverência.

É para isso que se se expande o tempo, se inventa as formas, se escreve livros ou se salva almas. É tempo fugaz da eternidade. O tempo eterno do aplauso.

Comentários

Nei Duclós disse…
Poesia pura. Belo poema. Pegou fundo. Obrigado.
É, querido Escritor, hoje Poeta!

Com este olhar dobra-se o tempo, pois com versos de reconhecimento - tempo de abraço em vida - chegamos a uma claquete de aplausos... Arte junto a mais tempo-poesias!!!

Um abraço.
Carmen Silvia Presotto

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