UMA PARTE DE NÓS


A comoção produzida pela morte de Michael Jackson é impressionante e demanda uma compreensão. O porteiro do meu prédio me conta abismado que Michael morreu mais pobre do que ele devendo o triplo do seu imenso patrimônio. Caetano Veloso chora no fundo do palco durante show em Porto Alegre depois de homenageá-lo. Nesta mesma linha de lamentos, recebi várias mensagens de pessoas chorando a morte de Rei do Pop. Eu do meu lado, pensei nos momentos em que Michael Jackson passou por minha vida. Nas reuniões dançante de rosto colado, o coração se descompassava ao som da I’ll be there e Ben. Nas infinitas sensações que a adolescência fornece ao sujeito repleto de mudanças e hormônio recém chegados. Lembrei também de minha filha, quando era uma menina aprendendo a falar que adorava o “Macko” Jackson que o modo que ela se referia ao cantor. E ainda quando solicitada a imitar o Macko Jackson dava um gritinho agudo e estacato semelhante aos de Black and White. E mais do que Thriller o clipe de Bad me impressionou marcando o inicio de uma nova era sendo que e essa música foi usada na peça Pedro e a Girafa. Era um versão infantil que o final de infância rumo a adolescência no qual Pedro, personagem principal, saia de casa “a pé”, sonoridade que se aproximava do I’bad. “Vou conquistar o mundo... a pé!” E assim fui reconstruindo pontes emocionais, linhas de afetos, e passagens da minha vida onde Michael Jackson participava de alguma forma. Conclui então que apesar da situação “peterpânica’ que Michael Jackson estava metido, sua dificuldade de crescer perdido na Neverland, quem de fato morreu foi um pedaço de pequenas vivências e chorei, choramos eu e o mundo, com saudades infinita de mim, de nós.
Perdemos aquele lugar do qual Michael Jackson não queria nunca sair.

Comentários

Postagens mais visitadas