UM PASSADO A PROVA DE MORTE
Quentin Jerome Tarantino radicalizou mais uma vez. Desta vez, transformou o velho no novo. À PROVA DE MORTE é um divertido filme B que provoca saudades das sessão das duas. A trama é banal, o enredo é simplório e a a fotografia é desbotada. Nada faz lembrar a era do Super HD que chegou via televisão, menos ainda o festival de efeitos que veio no 3 D dos Avatares da vida. O filme parece tão uma brincadeira que é quase ruim. Cortes abruptos, diálogos imensos, plano contraplano, personagens que falam sem parar, descontinuidade na edição, falhas nos "fotogramas". Que maravilha ver tudo isso. Estamos de volta aos anos 70. Matinés com todos os truques dos filmes trash! Porém sobre todas as leituras possiveis a experiência me trouxe de volta um filme que na época que assistira, me pareceu comum, embora eu o tivesse visto pelo menos uma cinco vezes na era pré DVD. Ou seja o filme que Á Prova de Morte me remeteu foi Corrida Contra o Destino, Vanish Point que assiti pelo menos umas cinco vezes. Não que achasse o filme genial, nem fosse uma obra de arte, e posso confessar que nem o julgava tão importante. O mais dvertido é que momentos antes de entrar no cinema, misteriosamente, me parei na livraria Cultura com o DVD do Vanish Point na mão. Procurei o nome dos atores, do diretor, dos roteiriastas e todos permanecem desconhecidos para mim até hoje. Imaginava encontrar uma sombra de futuro nas trajetórias, algumas realizações posteriores, mas não encontrei nada. Devolvi o DVD a estante e entrei no cinema. No entanto, desde o início do filme, pela estética, pela temática e por alguma coisa mais que somente a arte é capaz de veicular silenciosamente no larintos do ser, enquanto asssistia Á Prova de Morte, Corrida Contra o Destino não saia de minha cabeça. Foi quando na segunda parte do filme de Tarantino as personagens começam a falar do filme. O Dodge branco, o personagem Kowakski e todo A PROVA DE MORTE se transforma num elogio ao CORRIDA CONTRA O DESTINO. E foi sensacional pensar que um filme que nunca fora importante agora era fonte de prazer na referencia tarada do Tarantino. Percebi que mesmo envoltos em diferenças gigantescas, temos algo em comum. Tarantino é um bebê milionário, uma criança fascinada, que pode criar um filme para mantar a saudades e brincar com a nostalgia das sessões da tarde. E é maravilhoso celebrar a época que todos os filmes eram bons de se ver, até mesmo os ruins, pos tudo era cinema e tudo era magia. Além do mais em cada filme guardavam dentro de si uma viagem para o desconhecido. O passado e futuro, são matéria nobre da arte. E um gênio criança que habita Tarantino, zomba das modernidades e novidades nos ensinando sobre um passado a prova de morte.
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