DEPOIS DE TUDO, TEATRO


Não consegui ingresso para o Peter Brook e nem para o Fausto encenado pelo Eimuntas Nekrosius. Os nomes mais importantes do Porto Alegre Em Cena terminam por produzir uma eclispse no clima emocional do festival. Os dois são de tal grandeza que perder estes espetáculos pode dar a impressão de que não assistiu nada do Festival. Felizmente não é verdade. Acho até que este esquema das grandes estrelas poderia ser repensado. Cabe ao apreciador de teatro um garimpo mais sutil. Parece que a melhor peça até agora foi CRÓNICA DE JOSÉ AGARROTADO, um exercício de teatro físico levado ao extremo.

Para mim a surpresa foi DEPOIS DE TUDO. Peça paulista, criada a partir da associação criativa de um diretor com um autor, prática cada vez mais frequente no fazer teatral contemporâneo. Flávio Faustinoni - o diretor, e Franz Keppler tem investido num teatro crônica, quase jornalismo no palco, situações vividas a pouco tempo e já recebem uma reflexão cênica. Um espetáculo contundente. Carmela Paglioli carrega a peça com a ingenuidade e humor que a persosnagem demanda e revela a densidade no momento propício. Pedro Garrafa sustenta o clima, com vigor e desespero. Pedro além de ator é dramaturgo da nova geração que se destaca. E Mari Nogueira, uma atriz de primeira linha, apresenta-se como um totem emocional. Tudo nela é consistência e economia. Uma daquela peças que a gente sente que assistir teatro vale a pena. No escurinho do teatro, muitas emoções e reflexões que afligem o cotidiano do brasileiro.

Fica minha recomendação ao público, garimpar o espetáculos, tem muita coisa boa, sob a esclipse do Brooks, Nekrosius e Zé Celsos.

Ver esta peça, reforça minha máxima: "monte um autor vivo e assassine o dramaturgo apenas uma vez".


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