Relatos de Teatro Lusófono de Teresina




Voltei.



Sobrevivi a maratona de dias e noite em Teresina, ao calor e embaldo por uma série de novas amizades e volto para casa feliz. Foi bom para a alma me sentir mais brasileiro. Descobri que a língua é bela e parte integrante do ser. Que é, e cada vez mais será, sangue e sangue, como se fala por aqui, não é água. Fraternos encontros.







Joaquim Paulo Nogueira, um belo amigo dramaturgo de uma sinceridade e afeto comoventes.

Foi comovente também assistir a peça de Don Petro Dikota, intitulada "Nojo" falando de trabalhadores ilegais que sobrevivem no presente e sonham com um futuro embora nada indique que um dia venha se concretizar. Dikota é considerado o melhor ator de Angola, mas seu trabalho tem nível internacional. Uma espécie de Milton Gonçalves alterna elegância e dinamismo em sua interpretação. Além de um força dramática intensa, apesar de alguns problemas técnicos, a apresentação se superava pela graça e força do ator. Num momento culminante da peça ele come uma cebola crua enquanto fala da descriminação racial e social.

Outro trabalho marcante foi do grupo de Teatro Forum de Moura, com atores portugueses e o moçambicano Jorge Feliciano como um ótimo trabalho "O esqueleto do Cozinheiro Akli". Uma proposta didática baseada nas idéias de Augusto Boal.


Mercadorias e Futuro, de José Paes de Lira foi o mais completo dos espetáculos que assisti. O cara é o cara do Cordel Do Fogo Encantado, a peça tem direção dele e da Leandra Leal, tudo em cima. Ritmo, efeito e poesia. Uma espécie de stand-up futurista com muitos efeitos de som e um interessante manejo da luz e do som de dentro da cena, integrado a interpretação.



Mas o melhor espetáculo para mim que perdi os dois primeiros dias e principalmente, me atrasei para o Diário de Uma Ladra, de Rubens Cury Costa, devido a demorao jantar e conversar com Hamilton Vaz Pereira. foi A Morte de Zefinha. A Trupe 'Caba de Chegar' deu um show na praça. Quando observo a quantidade de atores gaúchos migrando para a Europa para aprender a técnica do clown, percebo que erram o caminho. Deviam ir para Fortaleza aprender com Ana Marlen. Haroldo Aragão, Pedro Domingues e Sidney Souto. Vendo o pessoal de Fortaleza incendiando a praça, cheguei a conclusão que clown é um nome metido a besta pra designar palhaço sem graça. Por que os palhaços de 'Caba de Chegar' não tem nada de clown institucionalizado e falso, são palhaços mesmo, daqueles que fazem rir de verdade, que não dão moleza para o difragma e aliviam o fígado.

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