PORTO ALEGRE EM CENA


Ontem fiz um comentário sobre o Porto Alegre Em Cena que gostaria de complementar. Acho o Festival genial, fantástico. Todos os meus amigos do Rio ou de SP que se apresentam são unânimes em elogios. E eu também. Acho que o trabalho do Luciano Alabarse é muito bom e cuidadoso. Problemas crônicos são gradativamente resolvidos. Havia uma queixa generalizada sobre a falta de debate e isso começou a ser resolvido com as mesas sobre dramaturgia, sobre direção e tendências em geral. Claro que seria bom se os artistas pudessem permanecer mais tempo na cidade para trocas informais, mas o chegar e partir é uma vicissitude de um festival tão caro e tão grande.
Porém, há um questão que é essencial e precisa ser atacada e para isso é necessário uma mobilização geral pois implica em mudar a lei que rege o Porto Alegre em Cena. Numa com conversa com a Adriane Mottola ela me dizia que na lei não há uma rubrica que permita a compra de equipamento para os teatros de Porto Alegre. Isso significa que o grosso do equipamento usado durante o POA em CENA é alugado. E depois de três semanas de orgia teatral, de trocas emocionais e contato com uma alteridade, voltamos ao nossso dia-a-dia com sala sucateadas. Precisamos abrir uma campanha para que uma parte do dinheiro arrecadado no POA em CENA retorne em infra-estrutura para os teatros. Seja sob forma de lei, seja sobre forma de doação, seja sobre forma de dízimo, sei lá. De alguma maneira temos que aproveitar que os investimentos no teatro para que fiquem no teatro. Esta parte do patrocínio pode servir criar uma infra-estrutura mais moderna e capacitar as salas de apresentação. Além disso, pode também possibilitar a criação de novos espaços favorecendo a arte na períferia, complementando os projetos de descentralização como equipamentos móveis de som, luz e mídia. Hoje, mais do que nunca o teatro necessita de uma infra-estrutura de alta tecnologia para que o teatro local esteja no mesmo nível que o teatro nacional e internacional. É triste, depois de toda a festa dionisíaca entrarmos num teatro com refletores usados a mais de vinte anos, reciclados, canais de áudio queimados, faltando lâmpadas, equipamento de som inadequado, caixas que não funcionam, mesas do luz ultrapassadas. Isso sem falar de salas onde chove dentro, faltam profissionais motivados e o estacionamento representa risco ao patrimônio do público e dos artistas.
Vamos aproveitar a moral alta do teatro que o POA em CENA nos oferta para alçar um vôo em direção a qualificação e ao profissionalismo. Se ao menos parte do dinheiro investido no POA em CENA volte em infra-estrutura, então esta ação seria genial e teria aplausos generalizados.

Comentários

Anônimo disse…
Júlio
concordo em tamanho, número e gênero. Sábias palavras, pena que os elementos citados quando vão para a prática acabam na maioria das vezes decepcionando.
Concordo, Júlio! É muito dinheiro investido em perfumaria estrangeira. Muitas vezes paraguaia...

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