CANALHA 1

foto de Jac Oliveira

O lançamento do livro do Fabrício Carpinejar foi um sucesso estonteante! O teatro da Livraria Cultura lotado, gente sentada no chão e um clima de muita harmonia e delicadeza. A Claudia foi muito bem tanto na escolha do texto quanto na leitura, mas quem surpreendeu pela capacidade interpretativa foi o Luiz Fernando Verísssimo! Sério! Apesar da falsa propaganda que faz de si mesmo, leu o texto com uma desenvoltura de um Sérgio Brito ou de um Antonio Abujamra. Emocionante.


O Fabrício falou sobre vasectomia e leu a crônica que escreveu para a ZH substituindo o Veríassimo. Depois discorreu sobre o orgasmo da mulher os quindins da Vó e, finalizou, com instigante questão de o quanto os homens perdem tempo com afirmação de sua masculinidade em detrimento da verdadeira sensibilidade. Contou sobre a experiência dos homens no banheiro masculino e o medo de apanhar o sabonete. De madrugada, acordei pensando sobre o que o Carpinejar falou e acabei escrevendo uma coisa que transcreve abaixo.



Trauma de banheiro masculino.
(A fala do Fabrício me liberou de um trauma.)

Minha mãe vivia dizendo para eu cuidasse ao entrar em banheiro masculino. Acho que eu estava naquela idade entre a infância e a adolescência em que não se sabe bem o se é, e minha mãe ficava angustiada com aquela bifurcação dos gêneros. Por isso recomendou que eu não entrasse no banheiro com outro menino. Como eu estudava no Colégio Rosário antes de ser misto, o banheiro estava sempre lotado na hora do recreio. Resultado: eu esperava bater o sinal e enquanto o pessoal voltava para a aula eu corria para o banheiro. Claro que com isso, chegava atrasado na aula seguinte, após o recreio. O professor me mandava para o Irmão Prefeito. Este perguntava:

- Onde que tu estavas?
- No banheiro, respondia.

Então ele, malicioso, interrogava?
- Fazendo o que?
- Obedecendo a minha mãe.

Mas quem acreditava?