MERDA


Quando um espetáculo se apresenta os artistas de teatro usam a expressão “merda” para desejar boa sorte. A tradição se sustenta na fantasia de que desejar boa sorte pode dar azar. Uma espécie de reversão do desejo, como se os Deuses punissem a ambição. Outro hábito é o imperativo de não agradecer ao augúrio. Os americanos já são menos escatológicos e desejam que “brake a leg”. Nada sei dos franceses ou dos gregos. É divertido pensar de onde vem esta expressão. O interessante. Reza a lenda que em estréia o público chegava no teatro em carro de tração animal. Especialmente cavalos que ficavam num “estacionamento’. Óbvio que os animais ficavam esperando e fazendo suas necessidade fisiológicas enquanto seus donos satisfaziam as necessidades estéticas. Tinha um grande espectro emocional no lado de dentro e uma grande massa fecal no lado de fora. Na internet da época – que era o boca a boca – se comentava se peça obtivera sucesso através da quantidade de merda em volta do teatro. Muita merda era sinônimo de sucesso. Quanto mais merda mais gente. Já a versão psicanalítica é que fezes fazem parte de uma seqüência de equivalentes simbólicos que se intercambiam: falo, pênis, bebes, dinheiro e fezes. Daí outra associação entre dinheiro e fezes. A origem desta equivalência é desenvolvida por Freud em vários artigos, e que podem ser sintetizado pelo seguinte viés. O controle dos esfíncter é o paradigma da primeira renuncia, insere o sujeito no social e estabelece um sistema de trocas. A partir de então, o ser humano, passa a integrar sistemas de troca e condicionantes sociais. Perde-se de vez o amor incondicional. Porém, este sistema de crescimento do sujeito é muito frágil e feito de avanços e retrocessos. Hoje estréia na USINA DO GASÔMETRO, Sala 402, a peça FRAGILE, direção de Roberto Oliveira e no elenco estão Alessandro Rivelino, Andressa Corrêa, Catharina Cecato Conte, Cristiane Scomazzon, Daisy de Souza Reis, Fernanda Majorczyk, Fernando Braz, Janaína Lima, Pablo Damian, Samuel Reginatto e Sílvia Ferrari.

Tudo isso é muito frágil e desejo muita merda para eles.

Comentários

Anônimo disse…
te juro que essa da quantidade de merda do lado de fora eu não tinha ouvido ainda
A nossa tradição vem da francesa. "merd".

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