Obrigado Bailei, obrigado vida
Foram duas semanas de stress e correria. Em dezembro veio a notícia. Érico Ramos, o melhor Torugo desde que fizemos a peça, fora transferido para Brasília com um salário muito bom. Ele formara-se em jornalismo há poucos anos depois de perigrinar pelos cursos de medicina, enconomia e outros. Até ai tudo bem. Eu sabia todos ompapéis masculinos do Bailei ma Curva e neste repertório podia incluir até mesmo o de Pedro, escrito para um ator negro. No final da primeia montagem, 1985, depois da saída do Flavio Bica Rocha da peça eu fizera os personagens Torugo e Paulo. Mas de lá par cá se foram 27 anos. Estava me preparando par tal empreitada quando veio a segunda bomba. Felipe de Paula, um dis melhores Paulorrenato que já vi, ator de uma precisão e talento impressionante, fora convidado para a montagem comemorátiva do centenário de Vestido de Noiva, Nelson Rodrigues. Sentido-me como o treinador da saleção de 70 se ele tivesse perdido Pelé e Tostão ao mesmo tempo. Pensei em disistir. Suspender a temporada. Mas, mais uma vez senti que o sonho que tive no dia anterior da estréia em 83 me impulsionou. "vamos aproveitar e ensaiar a peça". Surgiram vários nomes, pensei numa audição relampâgo, quando veio baila Eduardo Mendonça, um dos melhores atores de sua geração e de um caráter impressionante. Um ator que segue a máxima stanilaviskiana de amar o teatro dentro de si e não se amar (acima de tudo) no teatro.
Os ensaio form truncados, muitos atores já compromissados com outras peças e atividades. No meio de tudo furacão, a saída futura de Ju Brondani, que se despede da peça depois de onze anos em cena. Ela começou com 17 anos, quando aproveitou que fora expulsa da aula e foi fazer a audição do Bailei. Ficou até ontem, dia de seu aniversário. Temos que agradecer ao tal professor. Chegamos ao dia da estréia com muitos ensaios em pequenos grupos e apenas um geralzão.
Neste interím dezenas de emai trocados pelo Erico, Felipe e grupo.
Na quinta o Bailei já mostrou a que veio. A peça estava linda, ritmada, cheia de nuances. Fazendo o público oscilar do humor tímido, o sorriso, até a gargalhada solta, escrechada e por fim, mergulhar na emoção e o choro contido ou nem tanto. Os olhares úmidos durante os aplausos e os comprimentos no camarim evidenciaram que a peça é maior do que qualquer um de nós. Foi aí que ficou claro uma coisa que embora já soubesse, não havia evenciado com tal intensidade. Não somos nós que fazemos a peça, é Bailei na Curva que nos faz. Somos marionetes de uma obra e somente quando mergulhamos no nosso narcisismo pensamos o contrário. Nunca fiz o Bailei na Curva, ele me fez. E fez todos os criadores da primeira encenação em 83, e depois nos anos 90, e depois nos anos 2000. E continua fazendo, a ideia, a estrutura, a vida Bailei, só usa os atores para seguir existinto e na sua generosidade de alma sem corpo, nos inventa e empresta sua vida para as nossas. O afeto e a emoção que ocorreu nos quatro dias de apresentação foram a medida de todas as coisas. Obrigado, Bailei na Curva, obrigado pela vida que generosamente nos oferta a cada terceiro sinal.
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