Edital do Arena

O velho palhaço está fora de mais um edital. A pergunta que não quer calar: tem lugar para mim nos palcos do teatro gaúcho? Se você está com o computador aberto neste blog, é bem provável que tem pouca coisa para fazer e, principalmente, está a fim de saber sobre as entranhas do que acontece no teatro local. Pois vou dividir com vocês uma conclusão bem chata, pelo menos para mim: o Teatro de Arena não quer Julio Conte na sua pauta. Teatro de Arena foi onde comecei a fazer teatro, onde atuei pela primeira vez, onde dirigi meu primeiro espetáculo e onde tive contato com uma idéia avançada de arte. Pois saibam que minha nova peça, Pílula de Vatapá, texto e direção meus, com um elenco de jovens atores, trabalho fruto de uma pesquisa de um ano de ensaios, ficou fora dos espetáculos escolhidos para se apresentarem no teatro no ano de 2008. Acho não posso mais participar de editais. É o sexto seguido que tenho trabalhos rejeitados. Municipio, estado,não faz a mínima diferença. Este ano consegui o Theatro São Pedro que super lotei durante cinco apresentações e mais nada. Tenho, como profissional, todo o respeito dos meus colegas que ganharam, que devem ter merecido, porém o que acho estranho é a seqüencia de rejeições. Parece que fui eliminado do Big Brother com alto grau de rejeição. Portanto, ao público que gosta das minhas peças, das minhas idéias e dos meus espetáculos, peço desculpas, mas vou passar mais um ano sem peças novas em cartaz. Só para constar, o juri foi formado pela André Vaccari, Eduardo Severino, Vera Pinto, Raquel Pilger e coordenado por Viviane Jugueiro. Espero que eles, no final do ano, prestem contas do movimento que produziram no teatro, o público e a qualidade do apresentado. Essa tem sido minha queixa em relação a comissões. Servem de desculpas para o fracasso dos administradores, pois ao fim e ao cabo, os jurados decidem o destino de um teatro e vão embora. Nunca vi jurados chamarem os concorrentes e explicarem: pensamos tal coisa para o projeto cultural do teatro, escolhemos as peças baseados em determinado perfil e tivemos o seguinte resultado. Isso nunca aconteceu. Qual é a moral então do jurado? É ser um expert no assunto, no caso quase todos são, dar sua opinião que tem uma parte que é política, outra pessoal e uma parte evidentemente técnica e, por fim, lavar as mãos como Poncio Pilatos e tomar um chope do bar da esquina. Por exemplo, quando eu fui jurado do Concurso Carlos Carvalho, defendi critérios e posso assegurar que foram compridos e, principalmente, aparecem no resultado final do concurso.
Espero que as peças escolhidas tenham sucesso e peço paciência para o meu público. Quando tiver um lugar para colocar em cartaz meus trabalhos, eu aviso.

Por enquanto, só posso dizer que sou persona não grata em alguns palcos.

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