Uma pequena cena que muda tudo
Se você ainda não viu a Família Savage e pretende ver, não leia este comentário. Vá ao cinema e depois a gente se fala. Porque vou falar de uma cena que muda toda a leitura do filme. Que, de início, parece um filme normal. O pai, velho e demente, precisa da ajuda dos filhos que estão enrascados em suas pequenas vidas. Aquela coisa, os filhos, o pai e as culpas. É um incomodo de cuidar de um velho louco, etc. Mas alguma coisa fica na mente do espectador. O pai morre e não é o grande momento do filme. Embora tudo, até então leve a crer que sim. Mas aí tem uma cena. A irmã, uma dramaturga vivida por Laura Linney - que por sinal está fantástica - escreve uma peça e convida o irmão para assistir um ensaio. No ensaio aparece o pai batendo num menino e, usando de uma maquinaria cenica, o meino é içado enquanto o pai segue batendo como se o filho ainda estivesse ali. Uma cena curta, pouco antes de terminar o filme, eu ainda estava me perguntando porque fizeram um filme para falar de uma coisa que todo o mundo fala. E fui tomado de uma emoção impressionante. A partir do momento que se vê a cena no teatro, o filme que estava prestes a terminar começa de novo. É revisado na cabeça do espectador e só então começa a entender pequenos detalhes das personagens, da trama, as reações e a intepretação. Só depois de perceber que aquele menino espancado é o mesmo professor de teatro vivido pelo Philip Seymor Hoffman e tomamos contato com a dissociação interna e temos a noção exata do que um ator genial. E olha que eu não uso esta palavra para muito gente, não. Mas Philip Seymor Hoffman é genial. Cheio de detalhes, sutilizas, compexidade, divergências, contradições e emoção. P.S.H é sem dúvida o maior ator em ação do cinema mundial. Se você chegou até, te aconselho a desligar o computador e correr para o cinema.
Comentários
Sucesso
Victória Mendonça