SAUDADES DO MUNDO BIPOLAR
Quando vejo a foto de Lula com Collor no mesmo palanque, quando vejo a blindagem sobre uma personalidade nefasta com José Sarney, sinto saudades do mundo bipolar. Houve um tempo em que alguns defendiam uma coisa o outros o oposto. Havia o que se chamava "direita" e a "esquerda".
Hoje direita não há e esquerda não tem.
Hoje direita não há e esquerda não tem.
Vivemos uma espécia de hibidrismo, que é uma política transgenica, adulterada, alterada geneticamente e como resultado a confusão ideológica e estética.
O hibridismo em si, no ponto de vista da estética, não chega a ser o problema. Na verdade tem sido uma solução que atua no limite das impossibilidades artísticas, na indecisão de gêneros, comédia e drama, entre o dramático e o posdramática e entre as mais divergentes posições o que resulta numa nova configuração. Esta nova configuração estética faz um mix entre o teatro, o cinema, as artes visuais e a música. Obriga a um novo pensar frente as formas puras. O próprio processo de pensar sofre a vicissitude do hibridismo com formas de pseudopensamentos convivem com o pensamento propriamente dito.
Já não temos mais como discernir o que é o que, quem é quem. De que lado estamos? Lado nenhum. Salve-se quem puder. E a salvação, neste admirável mundo novo é individual. Este é o mundo que vivemos. Por isso, as vezes me dá saudades do mundo bipolar. Mas é apenas um devaneio. O tempo não para e o tempo assim como a vida, não andam para atrás.
O que se pode pensar é antes era mais fácil. Agora frente a isso vivemos uma complexiadade tal que beira a confusão. Nestas horas é preciso evocar uma antiga canção de Caetano Veloso que dizia que "é preciso estar atento e forte, não temos tempo para temer a morte". Nem mesmo quando a morte pode ser uma forma de ataque ao nosso pensamento e avilta a nossa inteligencia e a sensibilidade coletiva. Essencialmente porque, ao contrário do hibridismo estético que visa novas formas de conhecimento, o hibridismo político vem numa forma esdrúxula que visa apenas a manutenção do poder em detrimento a um contato com a realidade. Nestes casos o hibridismo corre o risco de se tornar um objeto bizarro, cujo centro gavitacional é de tal instabilidade que muda constante de lado.
Comentários
Mas seguinte...
O problema não é da esquerda ou da direita no caso da foto. O problema é da estrutura da nossa democracia. Não há, no nosso país, a figura representativa. O presidente da república, além de chefe de governo, é o representante humano do país. Não é o mesmo da Alemanha ou da Gra~-Bretanha em que há um presidente e uma rainha pra representar e um primeiro-ministro e um chanceler pra governar. Nosso presidente, seja ele quem for, é o governante e o país. Daí a merda toda...
Confio no Lula. Ele sabe que é ridículo a pessoa dele estar ao lado do Collor ou defender o Sarney. Ou pior, receber o presidente do Irã. Mas ele é o país. O Collor e o Sarney são senadores. E isso não é culpa dele porque duvido que ele tenha votado nessas pessoas (e nem poderia porque o Lula vota em São Paulo e um representa o Maranhão e o outro Alagoas).
Acho que um fiasco como esse tipo de foto ou recebimento deveria ser de outra pessoa e não do governante.
A droga é que eu só tinha 13 anos quando teve o pleibicito. E nesse ano eu ainda não tinha visto Bailei na Curva.
Bjus!
Um abraço para vc tb.
PS: As fotos de Lula e Collor me arrepiam (no mau sentido)