PASSADO E FUTURO SE ENCONTRAM NUM PONTO

Cena do TO FRITO

Duas estréia nesta semana noticiadas numa mesma semana. Isso não seria novidade se entre uma e outra não tivesse ocorrido o intervalo de trinta anos. O jornal Zero Hora tem uma coluna que reedita matéria de fato acontecidos no passado. É uma espécie de retrato de uma época e por incrível que possa parecer trata-se de uma das sessões mais lidas do jornal. Isso comprovaria a tese que jornal é aquele meio que informação já chega demasiado velha uma vez que o jornal de hoje publica notícias de ontem, mas parece mais um efeito da nostalgia e de um certo sentimento de revisão de nossas vida. O que eu estava fazendo neste dia trinta anos distante. Pois nesta perspectiava saiu na edição nostalgica de sábado o lançamento da peça infantil PUTZ, A MENINA QUE BUSCAVA O SOL. Texto de Maria Helena Khunner e direção de Suzana Saldanha ocorrido trinta anos atrás. Música toda criada ao vivo por Fabio Mentz e Amanda Costa (ela mesmo antes de ser astrologa. La Saldanha vinha de uma muito bem sucedida temporada da peça infantil de Caio Fernando Abreu, a Comunidade do Arco Iris na qual eu havia substituído um ator. Ou seja, além de ter Caio no meu currículo, a direção de Suzana era um primor, uma aula de economia e criatividade. A produção esmerada e atenta a todos os detalhes. As fotos de divulgação, por exemplo, eram um primor para a época. Iluminação, maquiagem, figurino e clima marcavam, a busca estética do grupo que faria inveja até mesmo a produções atuais. O trabalho acontecia em meio a um teatro efervescente, cheio de propostas e caminhando para a maturidade. Na peça tínhamos Roberto Oliveira que na seqüência viria a se tornar um dos maiores diretores de teatro do sul do Brasil e um ator de primeira linha, Samuel Betts que se tornou empresário da iluminação no Rio de Janeiro, Isais Quadros, atualmente professor de teatro, Flávia Aguiar, que se tornou ótima figurinista e Ziomar Ziggler, que não sei por onde anda, e eu. Era um ótimo grupo que estava a fim de fazer história. Todos éramos jovens e cheios de projetos. Pois a esperança é mais o menos o mesmo mote da mini série que estreou ontem na Band. Tô Frito com texto do Marcelo Pires e Leticia Wierzchowski com a primorosa direção de Flávia Morais. O personagem principal é interpretado de forma magnífica por Ian Ramil, e tem ainda Ilana Kaplan, Pedro Santos e eu. O personagem é um artista gráfico que na busca de realização profissional em São Paulo. Sonhos é o que se trata. Num mundo de desilusões a temática dos sonho redime a esperança pois fruto um desejo a cortina do futuro se abre em duas direções. Linha do tempo para frente e para trás e um ponto de confluência. Acho que era isso que Putz buscava na peça infantil e era isso que a matéria ZH 30 anos denucia. E disso que Tô Frito narra. O tempo fazendo sulco na esperança e o sentimento que se não seguirmos nossos sonhos teremos um despertar amargo.
Afinal, somos feitos da mesma matéria que é feito os sonhos.

Comentários

Jeferson Cardoso disse…
Sabe aquelas revistas velhas que tem em escritórios e consultórios? Penso que apenas as páginas de cultura são lidas.

*Entre o sonho e a realidade eu prefiro a realidade que me permita sonhar. http://jefhcardoso.blogspot.com
JULIO CONTE disse…
No meu consultório não tem Caras nem revistas velhas. Tem um livro de poemas, dois livros de fotografia, um album de HQ do Will Esner e o Diário de Freud. Havia um dicionário de Cinema que era ótimo. As pessoas tinham tempo de ler um verbete. Entrou no rodízio e daqui a pouco volta.
Helena Mello disse…
Ah, a nostalgia...um dos meus problemas associado as dificuldades de desapego. Ou estou falando da mesma coisa? Há quase 30 anos atrás não imaginava fazer teatro, estudar teatro, mas levava meus sobrinhos para assistir as peças, mas não lembro dessa. Lembro de uma que já te falei uma vez apresentada no Renascença em que vocês ficavam lá na frente recortando figuras de papel e cantavam: "Cabeça, quebra-cabeça...(http://www.youtube.com/watch?v=dSfTsqY04pQ)
Bem, espero que não esteja inventando, pois parece que "a memória é o músculo da imaginação"
Com tudo isso, o que me chamou a atenção foi tu usares a palavra "primor" mais de uma vez e "primorosa". Escrevi estes dias que esta não faz parte do meu vocabulário, a não ser para falar de margarina.

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