O SER NADA


Para Don Camilo
O Ser  Nada nadando
indiferenciado nas águas turbulentas  da matéria

A matéria é sem ser
E o sem ser matéria é móvel

Nada nadando em direção ao vir-a-ser
Cada braçada inscreve uma fronteira
Escultura na água
Redemoinho de  traços
Rastros fugazes
Do  infinito que se inventa e se recorta involuntário

Então o Eu emerge da massa psíquica essencial
Respira o transcendente saber não saber que é a Grande Ilusão
Recorte finito do Eu
Doeu
E sobre o Eu, a dor, o Super Eu
O Nada finito em seu limite inventa som articulados
Alfabetos corporais  buscando a letra... alfa, beta, psi
Pai, mãe, árvore, terra, Catharina e outros recortes

O Ser é mais que Eu
O ser é agora, é o Eu Em Si
Iludido e completo em sua ignorância
Em sua arrogância eu sou eu

Mas sob o eu e o Sobre eu
O Ser insiste
Em ser Id

O ser é o Isso que não sabe

O Ser identifica a massa viva informe infinita

O Id freudiano nomeia o curva descendente do Ser

O Id sou eu e eu sou o ID

É do Id minha doida doída existência

Sou, nadante, no ID
Meu id é minha ID

O Ser em mim é hardware
O Eu em mim é software
Não o encontro na App Store
Não tem como fazer download

Do Ser somos invenção e Isso me inventa a cada  dia

(Mais um poema sobre o Ser)

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