ANTES QUE A ADOLESCENCIA ACABE


Antes Que o Mundo Acabe é a mais recente produção da Casa de Cinema de Porto Alegre. Desta vez a direção é da Ana Luiza Azevedo e tem no roteiro os dedos mágicos de Paulo Halm, Ana Luiza Azevedo, Jorge Furtado, Giba Assis Brasil. O filme cativa desde o primeiro instante. A primeira cena já trás uma pílula do que vamos ver. Uma lógica aparentemente absurda que apresenta a Tailândia, Elefantes e seus dejetos, o modo como os elefantes aprender a usar o vaso para não assustar turistas e a primeira grande piada: se os elefantes conseguem aprender a usar o vaso corretamente porque o irmão adolescente não consegue puxar a descarga? A construção do roteiro pela Casa de Cinema anuncia que o argumento de Marcelo Carneiro da Cunha sofrerá a subjetividade dos realizadores. Uma opção lógica e correta. Nada mais infiel do que a fidelidade. Cada obra é única e precisa passar pelo filtro subjetivo de cada criador para seguir produzindo sentido e emoção. A repetição e fidelidade só levam ao empobrecimento. O que vemos no filme é tudo aquilo de bom que o melhor cinema produzido no sul do Brasil sabe fazer. Os diálogos divertidos, os personagens absolutamente particularizados e universais ao mesmo tempo. Cada detalhe do filme remete a algo maior dentro dele que revela uma sociedade querendo crescer e ir embora e buscar o mundo. E começar uma vida em outro lugar. A questão paterna entra na narrativa de forma brilhante quando o pai é reconstruído entre relatos e fotos. O filho frente ao pai é um enigma moderno quando atualmente os pais mais querem ser iguais do que agüentar a assimetria. Antes Que O Mundo Acabe apresenta dois pais. Um amoroso e adepto das lides culinárias. Outro aventureiro, fotografando em zonas de guerra. A função paterna dicotomizada é uma bela metáfora do enigma identificatório que o adolescente tem que decifrar para não ser devorado pelo mundo adulto.

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