ENCONTRO INUSITADO II

Ruggero Jacobbi


Jean Paul Sartre esteve em Porto Alegre. Foram algumas horas no aeroporto Salgado Filho, mas renderem filme, documentários e ficções. O que ninguém sabe é que Antonin Artaud passou pela capital da gaúcha. Foi na final da década de 40. É certo que estava bem velho e um pouco amnésico devido a infinidade de eletrochoques que recebera. Mas ainda tinha as mão granulosas e o olhar penetrante que eternizou em O Napoleon de Abel Gance e na Joana Darc onde contracenou com Falconete. Ainda despejava faíscas de um pensamento incendiário quando saido do Hospício recebera um passe livre da Air France. Entre todas as cidades do mundo, resolveu, por loucura ou lucidez, visitar Porto Alegre. Queria ares novos, depois de permanecer durante a primeira e a segunda guerra mundial descansando num Asilo de Alieados, enquanto os normais se matavam em massa com tanques, trincheiras e bombas H. Ao que tudo indica Antonin Artaud passou duas semanas num pequeno hotel no centro da cidade. Conta-se que ele teria mantido contato com o diretor italiano Ruggero Jacobbi no momento de fundação do Departamento de Teatro, então vinculado a Escola de Filosofia de URGS. Artaud e Rugeero tiveram um rápido colóquico na frente do prédio do DAD, na Venâncio Ayres, mesma casa onde anos depois se instalaria o Instituto Estadual do Livro. Ruggero entusiasmado contrastava com a personalidade mórbida do francês com seus lábios mortais de facinaram Anais Nin. O italiano teria lhe dito que estava a fim de criar uma Escola de Teatro naquele fim de mundo chamado Porto Alegre. Artaud, num francês sintético, teria dito que não adiantava nada que aquele esforço para fazer teatro no Brasil como se fazia na Europa, pois no futuro todos artistas para serem artistas teria que inventar seu próprio teatro. Um teatro a imagem e semelhanca do seu criador. Ruggero teria zombado daquele delirante estrangeiro e afirmado, num ufanismo gaudério, que o teatro feito no sul seria o parâmetro do todas as estéticas. Este pequeno relato foi encontrado manuscrito na Biblioteca Municipal, mas tem gente que jura que é falso. Que Artaud nunca esteve em Porto Alegre e que já teria morrido quando Rugerro Jacobbi criava o DAD e que a Air France só passou e premiar os artistas anos depois com o Prêmio Moliere, que era o nome artistico de Jean-Baptiste Poquelin, que por sua vez não tem nada a ver com tudo isso e que nunca esteve em Porto Alegre.

Antonin Artaud

Comentários

ROLOP disse…
Camus também esteve....

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