Clínica do Olimpo


Ontem a noite uma bela discussão sobre Narciso e suas implicações na nossa vida cotidiana. Participei na II Jornada da Liga de Psiquiatria de PUCRS na atividade "Clínica do Olímpo".
Ideia mais do que adequada, pois os mito são como histórias sem personagens ou personagens aguardando as história. Relatos não saturados a espera de realizações. As versões do mito se complementam e se ampliam. A mais conhecida, de Ovídeo da conta da beleza assustadora de um filho não desejado que produz na mãe um medo tão grande de perde-lo que ela vai consultar Tirésias. A previsão é que ele viverá muito se não se conhecer. Eco, uma ninfa, se apaixona pelo jovem e definha pela indiferença a ponto de se tornar apenas uma voz que repete o que se fala. Então, Narciso se vê o no espelho do lago. 
O espelho remete a pelo menos duas referências clássicas da psicanálise. Jaques Lacan descreveu um 1936 a fase do espelho onde o corpo desconexo encontra na imagem a integracão que não sente, inventando assim o imaginário. Donald Winnicott da conta de que o olhar da mãe é o espelho dentro do qual o sujeito se reconhece.
A segunda versão do mito vem de Pausânia que relata Narciso ter uma irmã igualmente bela que morre precocemente. O amor de Narciso por ela o faz mergulhar no Hades em busca da irmã. 
E a terceira versão se refere ao amor que o jovem Amnias nutre por Narciso. Sempre indeferente, Narciso presenteia Amnias com um punhal com o qual este se mata. 
O conjunto das três versões abrem todo um leque de significações e simbolismo que vai além dos clichês tradicionais do narcisismo. 
Este é apenas um breve relato. Estou recuperando a gravação da conversa para dividir aqui com vocês. Por enquanto posso dizer que a plateia se manteve super ligada, ficamos horas conversando e trocando experiências de vida. Afinal é para isso que estamos aqui e isso é que vale a pena. 
Emoção extra de encontrar a Valentina filha da minha colega de teatro, Henriette com a qual dividi o palco na minha estreia em teatro, no Arena. E também filho do ginecologista e obstetra Dr. Carah que (pensava) que jogava bola nas areias escaldantes da Rainha do Mar. Mas estas já são outras histórias, para outros posts.




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