JOSE DINIS FRENTE AO PAI MORTO


Enquanto Agonizo


Cena peça Pesquisa Cômica 2012

Personagem Jose Dinis, filho, único que tem o nome do pai e é ilegítimo está sozinho no banheiro. Espelho, aparelho de barbear


Eu faço a barba porque meu pai morreu. A morte do pai é o evento mais importante da vida de um homem. Eu faço  barba agora porque meu pai morreu. Eu era um menino e assistia meu pai fazer a barba. Ele esfregava o pincel no sabonete, não havia creme de barba ainda, e esfregava. Depois pintava o rosto com o branco da espuma e dizia que era o Papai Noel. Depois montava o aparelho de barbear. Gira o mecanismo e duas partes se abriam e ali, colocava a lamina da barbear. Girava novamente a base e eu observava as partes se fecharem sobre si.  Então, com a mão esquerda estendia a pele e com a direita deslizava a lamina. Limpando o branco, retirando a espuma, liberando uma pele delicada e lisa. Quando o Papai Noel sumia e ali estava de novo meu pai. Aguava o rosto e dava pequenos tapinha no rosto. A operação se aproximava do final. Ele pegava Agua Velva e passava no rosto, limpando e cicatrizando os pequenos pontos de sangue. Então ele se virava para mim e passava Agua Velva. Tinha álcool e refrescava, ardia, perfumava. Eu faço a barba agora porque meu pai morreu. Não tem mais ninguém que passe Agua Velva em mim agora. Arde.



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