AS POSSIBILIDADES


Tem pessoas que nunca vi, assim em carne, osso e voz. Pessoas que nunca privei, nunca frequentei suas casas, nunca jantamos, nunca conversamos. Parece que sempre estiveram ali, como se sempre estivessem presentes em minha vida. Oscar Niemayer, Dave Brubeck.

Quando era menino estive em Brasília que meus olhos infantis, era prédios cortados por longas avenidas sem esquinas. Depois estive novamente com Bailei na Curva já nos anos 80 e vi que havia mais do que vazios e formas. E cheguei mais perto do gênio de Oscar quando apresentei O Rei da Escória no Festival de Teatro de Curitiba. O teatro era dentro de um prédio criado por ele. Museu que leva o seu nome e sua obra. O maior vão livre do mundo. Cimento é a melhor das matérias, por que, na mente de Niemayer, é feito de sonho. Aquela apresentação no Festival foi onírica. Uma das melhores. Todos se emocionaram.

Dave Brubeck conheci menos, através da paixão jazzistica de Iran Garayp.

Por isso, quando pessoas como Niemayer, Brubeck morrem me dá um vazio. O fato de pensar que não estão mais neste planeta é desolador. Eles estão em alguma esquina que não foi projetada. Numa dobra do tempo inacessível.

A morte é perder as possibilidades.

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