ENQUANTO AGONIZO - PARTE VII


JOCASTA
Não me sentia bem ao lado dele, salvo que me sentia livre para pensar em outra coisa que não eu mesma. Eu mesma e o meu amor secreto e segregado.  Amor do silencio que agora, depois de silenciado o pulsar do coração posso gritar.  Porque quando ele estava ali, mandando, pedindo, ordenando, me usando enquanto isso eu não precisa pensar nele. Ele era. Não posso descrever a experiência de ter vivido tantos momentos ali perto dele, do agora morto, ali na cama. Ilusório pensar que amar em silencio não é amar, que sexo sem corpo não é viável, mas é isso que morri e vivi com ele, que agora jaz ali, morto como eu, triste como eu, sem vida como eu. E agora, livre como eu. Sem o fardo do tempo e sem a incomodação do espaço. Eu agora sou livre para pensar.


CASA DE CULTURA MARIO QUINTANA
SALA CARLOS CARVALHO
21 HORAS
13 & 14 DE DEZEMBRO 2012

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