DOCE PRAZER DO JOGO


Terceiro espetáculo do Peter Brook que assisto. Graças ao Porto Alegre em Cena eu tive esta alegria três vezes. O que me agrada mais, me faz bem, me alivia é que ele brinca com as convenções, brinca com as imagens, brinca com a nossa visão do teatro, nossa visão do mundo. Cria linguagem a todo o momento, transforma o público em cumplice, em testemunha, em parceiro, em amante. Quando começou ontem, UMA FLAUTA MAGICA, a serpente entrou em cena. O ator deslizava no palco como a nos ensinar que caminhar é um gesto essencial da interpretação, entrou seduzindo, perseguindo, brincando, jogando. Quando a serpente entrou em cena eu tive e nítida sensação que que estava no Paraíso, e que iria morder a maça de qualquer forma. Irreversível. Irresistível. Mas também, resistir para que? Me deixei levar. Naquele momento soube que eu estava perdido no sonho de um teatro que é tão complexo que parece simples. Como se fosse uma brincadeira de roda. E o mundo rodando, grave e intenso, mas mais leve sob novas éticas narrativas. Definitivamente prefiro o teatro do jogo do que o teatro das artes plásticas, das instalações onde o protagonista é o cenário e a trama e os personagens adereços. Beleza, simplicidade e delicadeza são essenciais. Além da verdade, é claro, a maior das virtudes.

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