Ethos Social Pervertido

A cena é grotesca. O estudante de psicologia bebe demais e atropela o ciclista. Com um detalhe mórbido. Arrancou o braço do ciclista, este ficou preso parabrisa do carrro. O estudante joga o braço num corrego na tentativa de encobrir o ocorrido. Este evento digno de filme B de terror, acongteceu em São Paulo. Não prestar socorro já seria um ato de uma insensibilidade absurda. Mas o jogar no córrego ultrapassa a criativade dos maiores roteristas hollywoodianos de terror. O que teria movido o estudante de psicologia a imaginar tal desfecho para o acidente. A coisa que me vem a mente é a fantasia, dissiminada na nossa sociedade, da impunidade. Tivesse parado, reconhecido o erro, prestado socorro, teria sua responsabilidade diminuida, mas assumiria o fato. A ideia mórbida de se livrar de um braço que poderia, socorro fosse prestado, ser implantado e ter alguns movimentos recuperados. Mas a ideia da impunidade, a desementida da realidade, "isto não esta acontecendo", foi mais forte. O impacto emocional dos eventos pode ser destrutivo. Falta espaço mental para metabolizar uma quantidade muito grande de eventos num tempo mínimo. Justamente onde mais se precisa pensar é onde o pensamento mais falta. As situações de stress são fatais para o pensamento criativo e solidário. Se a isso somarmos uma cultura da desresponsabilização, da impunidade, teremos um mundo que nem ao menos é sólido para se desmanchar no ar. O elo entre causa e efeito é subvertido como numa imensa cisão patológia ou numa desmentida ou numa recusa da realidade, Este é o mundo que temos. Jovens que arrancam seus braços e jogam em riachos como quem varre a sujeira da casa para baixo do tapete. Este tapete que tem sido tecido por anos de malversação do bem público e uma constante subversão da ética. Quem são estas pessoas que vão manter a vida neste planeta dentro de um ethos social pervertido?

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