- Sic semper tyrannis!
Tem gente que não conhece o Walney Costa. Não sabe que ele é um ator experiente, premiado, versátil e com uma longa trajetória. Tem gente que não sabe que ele trabalhou no Teatro Oficina sob a direção do mito Zé Correa Martinez durante anos e que cruzou o Brasil e o mundo com o grupo. Tem gente que não sabe que ele foi integrante do grupo Cemitério de Automóveis e foi dirigido pelo não menos mítico Mario Bortolotto. Este pequeno currículo provavelmente é ignorado por boa parte dos frequentadores de teatro do sul do Brasil. Do mesmo modo, não tem noção que Walney Costa é gaúcho da mesma cidade de Qorpo Santo, Triunfo, do qual provavelmente herdou tanto a loucura quanto a genialidade. Também ninguém é obrigado a saber. Walney saiu de Porto Alegre muito cedo, logo depois interpretar o personagem Marat sob a direção de Nestor Monasterio e Juan Sosa. Estou falando isso porque ele está de volta a cidade. E com uma peça em cartaz. Reator, texto e direção e intepretação. E como quase ninguém conhece o currículo do ator, pode pensar que ele está se superestimando no monólogo que escreveu e dirigiu e interpretou. Mas basta alguns minutos com o julgamento suspenso e nos deixarmos levar pelos ventos do teatro que encontramos o Walney Costa num momento especial. Solto divertido, dramático. A encenação desafiadora. Narrativa circular, espiralando para todos os lados poemas jogos de palavras, ai-kais, trocadilhos e pegadinhas verbais de que recriam a narrativa. Musica, vídeos, textos e drama. Acima de tudo poesia. Cênica, verbal e corporal. Jogo sucessivos que produzem desconcerto e esclarecimento, fazendo brotar a cada instante um sorriso na face do espectador. Com uma pitada de ironia é claro. A narrativa é divertida, múltipla, plural. Misto de aula, ensaio e sarau Walney se revela em um dos melhores momentos da sua carreira. Ele é o padre, o rabino e o guru. O astrólogo e o sexólogo, tudo junto, Tirésias, vendo aqui que não se vê. Aquilo que tem dentro da pedra. Engajado nas tendências fragmentarias do teatro e multimidiática, temos as imagens espelhadas por um cameramen que repica as imagens ao vivo. Dois músicos trilha, som e musica. Um festival de sentimentos a nossa disposição. As vezes o ritmo e a voz grave ao cantar suspende o arrebatamento, mas imagino que tenha sido proposital. A encenação além de ser show de interpretação conta uma história excelente. O assassinato de Abrahan Lincoln pelo ator John Wilkes Booth. A trama, no modo contado por Walney é parcial a favor do ator que havia interpretado Brutus. O mix entre a vida e a arte se realiza quando depois de matar Lincoln, Booth pula do camarote, fratura a perna e se arrasta até o palco e, em meio da imensa confusão que se imagina estar acontecendo, diz:
- Sic semper tyrannis!
Não percam a chance de conhecer Walney Costa. Direção, Texto e Atuação: Walney Costa Assistente d Direção: José Henrique Ligabue( Maninho) Direção Músical e Arranjos: Lico Silveira Musicas Porto e Milagre: Lula Ribeiro, letra Walney Costa Músicos ao Vivo: Lico Silveira (violão) e Dodô Peixoto (Percussão) Criação e Operação de Luz: José Henrique Ligabue Vídeo de Abertura: Saturnino Rocha Edição de Videos: Rose Badinelli Operador de Vídeo: Paulo de Souza Cunha Câmera man ao vivo: Eugênio Moreira Figurinos: Valderes Calgaro Colaborações textuais: Mariana Consone e Lais Brun Ass. de Produção e Backing Vocal: Tassia Dutra Designer Gráfico: Ana Sartori Traduções e Layout Gráfico: Andrea Zarakauskas Marques Divulgação: Vera Pinto e Lucia Karam Produção: Iuri Wander TEMPORADA PRORROGADA A PEDIDOS! 16, 17, 18 de agosto (terças, quartas e quintas), sempre às 20h Ingressos: 5 reais (preço único) |
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