POEMAS

1.

me deliciar com tuas formas

teus gomos maduros

sugar teu suco

cuspir tuas sementes

brincar como uma criança com tuas cascas douradas

e o perfume impassível

testemunha silenciosa desta orgia

2.

numa tarde de vadiagem

sem dança, teatro ou analista

só nós

e aquele tesão todo

3.

durmi a tarde toda

estou cansado

ouço um disco

vou ler um pouco

lavar a louça de ontem

tomar um chimarrão

tudo isso parece um ritual solitário

parece

venta, chove, canso, durmo

4.

grita! chora! inventa qualquer coisa

que não este silêncio

que te suicida a alma

5.

leva os discos

que quiseres, tá?

e aproveita

põe água nas plantas

principalmente nos meus dodóis

(as violetas, viu!)

te amo enquanto te amo

6.

deixa eu te dizer

uma coisa

que eu não sei

o que é

com a palavra

que ainda

não

inventei

calma!

alguma coisa

estranha me chama

(me sinto bem)

7.

eu

você deitada

o cigarro

uma azaléia mergulhada no copo em cima da mesa

a noite atravessando negra nosso encontro

8.

silêncio

entre nós

se instala

a voz de nossos corpos

9.

é noite

retornam velhos fantasmas

sinto tua falta

escrevo poesias com retalhos de mim

tento te materializar aos meus olhos ‑ inútil

10.

Sentaram em frente a TV durante toda sessão da tarde. Depois um deitou e o outro foi atrás. Brincaram. Rolaram na cama por algum tempo.

Antes da caminhada vespertina, o velho João tomou um banho enquanto Toddy latia na frente do espelho.

11.

Ele tem medo do escuro. Deita, apaga a luz. Sonha com dragões. Levanta. Caminha. Abre a janela e ascende a luz. Lê. Dorme.

Amanhece com falta de ar. A cama molhada.

Metade do guarda roupa continua vazio.

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