O BRASIL MORREU?


Numa Delegacia de Polícia, Delegado começa uam investigação interrogando as testemunhas a respeito da morte do Brasil.

DELEGADO ALMEIDA
A senhora conhecia o Brasil?

PAULINA
Doutor, quem de sã consciência pode dizer que conhece o Brasil? O que posso dizer é que meu nome é Paulina, eu sou a Paulina, a vizinha dele. Doutor, pra dizer a verdade, o meu nome é Paulina, quer dizer eu sou a Paulina, a vizinha do Brasil. Estranho falar assim, perece que estamos falando do Brasil quando de fato estamos falando do Brasil...  Sim, sim, sim, sei que o senhor não pode perder tempo e eu também não, tenho duas faxinas ainda hoje de manhã. E uma dela é da Dona Eneida que é muito chata. O que eu sei é, o que eu quero dizer é que eu não quero dizer nada, mas que ele saiu as duas horas da madrugada e bateu a porta meio nervoso, talvez até tivesse bebido umas que outras, não que eu repare nisso, quero dizer nada, mas que  estava com um jeito muito estranho isso tava, pode anotar aí que isso é verdade!Não quero dizer nada, mas que ele saiu às duas horas da madrugada e bateu a porta, meio estranho...  Isso é verdade!

MANUEL
Doutor eu sou o Manuel da quitanda. O Brasil vinha todas as manhãs aqui, comprava pão cigarro e tomava dois dedinhos comigo, então começava a falar na desgraça do casamento. Nunca vi um cara com tanta mulher e sempre na reclamando. Se eu comesse as migalhas do Brasil, seria um homem satisfeito. Uma vez eu me lembro ele bebeu mais do que o costume e falou até em suicídio, mas eu não liguei. Sabe como é, papo de bêbado não se leva a sério. E como o senhor sabe, o Brasil é assim, ninguém leva a sério. Agora, no dia antes que tão dizendo que ele morreu ele veio aqui como de costume, só que não comprou cigarro nem pão nem tomou uma que outras. Foi embora nem ao menos pagou. O Brasil morreu a continuou me devendo.

AMANTE
Sabe Doutor, eu era amante dele. Mas eu não me queixo, porque só eu sei o quanto eu fui amada por ele. Ele sempre foi especial. Chegava sempre na hora incerta. Adorava surpreender. Com ele sempre era domingo. Sempre um presentinho, um beijinho, e logo ele me pegava e tudo que é lugar. Na sala, em cima da pia, no quarto da empregada. Só não fazia nada comigo na cama. Ele era meio conservador. Transar na cama é coisa que se faz com a esposa, não é? O senhor sabe. O pelo menos deve saber. A única coisa que eu lamento é nunca ter dito que o amava... Mas o Brasil é assim, ele também nunca me disse que me amava.

MULHER
Sabe que a minha relação com ele era ótima. Ele me sustentava. Eu não minto. Não era muito feliz, mas quem é feliz no casamento? Só Deus sabe e sabe porque sabe tudo, porque casa que é bom ele não casou para testemunhar a desgracera. Mas não posso me queixar, já que casamento é casamento. Tudo o mundo sabe como é. Ninguém gosta de falar. Mas e agora de repente eu abro o jornal e leio: Brasil morreu! E agora doutor? Como e que vai ficar no meu casamento? Quem é que vai me sustentar?!

CLÉLIA
Meu nome é Clélia eu sou gerente do Banco Mundial. Realmente ele tinha conta com conosco. Já foi um grande devedor, mas nos últimos anos começou a pagar tudo direito. Parou com as dívidas, os calotes, os cheques sem fundo, os cambalachos e resolveu endireitar-se. Agora com esta notícias, quero ver como ele se agüenta.

OUTRA MULHER
Doutor, ele falam, falam e falam que ele tá morto, mas eu vi ele no caixão e lhe juro que ele, discretamente. Piscou o olho. E ainda por cima, tentou passar a mão na minha bunda. Ele pode até ter sido enterrado, mas o Brasil é assim, quando parece que vai bem, vai mal, quando tá mal, realmente fica mal!


UM AMIGO
Eu não sei não, mas ele sempre ma pareceu um cara normal. Eu acho que ele não seria capaz de se matar, mas o Brasil é assim sempre imprevisível! Só uma vez que eu achei estranho, a gente estava no banheiro e ele não faz nada viu Dr., mas ele ficou olhando para o meu pau com um jeito esquisito! Mas o Brasil é assim...

ESPOSA NO PAPEL PASSADO
Sabe Dr. eu sou a esposa dele. A legitima, no papel passado. A gente não se vê ha anos. Mas eu que sou a mulher de verdade, no papel ali passado. Ele era homem meio muito sem vergonha. Pegava todas as coisas de valor que tinha e vendia. Jogava. Gastava na farra, ia pra Bahia. Além do mais era eu que pagava todas as contas. Ele não ajudava em nada, mas o Brasil é assim...

HOMEM
Eu não sei de nada. Não vi nada, Dr., não me comprometa, muito antes pelo contrário. Só sei que ele atravessou o sinal vermelho. Mas eu não tive nada com isso. Eu estava no sentido oposto. Ele atravessou o sinal e no meio da rua puxou o três oitão e... bum... Estourou os miolos... Que ficaram ali no meio da avenida até três dias depois do carnaval, mas no Brasil é assim.

OUTRO HOMEM
Eu cruzei com ele sim Senhor. Eu estava na rua indo pro trabalho e pedi fogo para ele. Sabe o filho da puta me negou! Mas o Brasil é assim, quando mais precisa ele nega fogo!

UMA PASSANTE
Se fala muita coisa. Tem muito diz que me diz, mas na verdade é que ninguém sabe. O Brasil é imprevisível! Da nossa parte do narcotráfico nunca nos queixamos de nada. A carreira sempre correu solta. E o Brasil tem o seu brilho! Eu garanto que ele não morreu, tenho certeza que ele não morreu! Mas que tá morto, tá morto!

OUTRO
Naquela hora que eu vi o Brasil já era tarde. Tava todo o mundo dormindo, e ele bateu a porta com força, depois eu vi uns soluços de madrugada, mas o Brasil é assim, sofre sempre calado!

OUTRA
Dr. naquele dia eu vi ele mesmo! Tava lindão, vestido de domingo, aquele jeito malandrão dele. Passou por mim já cheirando a cachaça! E na virada ele deu beliscão na minha bunda e piscou o olho! Eta Brasil arretado este!

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